sindrome (2)

Como controlar o Estresse

Uma pergunta recorrente que me fazem é sobre como controlar o Estresse nas diversas situações. Obviamente, como Terapeuta Holístico, sei que existe uma resposta que poderíamos dar através da multiplicidade de ferramentas que existem, mas convido vocês a olharem o problema sob uma outra ótica, que devidamente “transportada” pode ser facilmente usada em ambiente terapêutico.
Em um ambiente de treinamento de Artes Marciais (além de Terapeuta sou também Professor de Systema – Arte Marcial Russa), por vezes preparamos aulas na qual utilizamos algum tipo de “arma”, trabalhando primeiro em um “universo expandido” e após “reduzindo” esse universo.

Mesmo essa “arma” sendo de madeira ou plástico ela tem um efeito Emocional com impacto importante e visível nos alunos, em relação a fazermos a mesma coisa sem o “incentivo” de uma faca, por exemplo.

Este artigo complementa e aprofunda um pouco mais um artigo anterior que escrevi chamado: “Meio Ambiente, Estresse e a Melhor Resposta” e não tem intenção de fechar a questão sobre o tema, mas sim olhar sobre outro aspecto.

Acredito que primeiramente é necessário entendermos como funciona o processo de Avaliação e Resposta ao Estresse. Para tanto fiz um Modelo de Avaliação (*), segundo meu entendimento, para facilitar a visualização. O modelo abaixo está desenhado em forma de fluxograma e é autoexplicativo, porém vou tecer algumas observações sobre as “caixinhas” que considero importantes.

Recomendo que leiam antes de interpretar a figura.

 

  • Evento Ambiental – qualquer evento ou alteração capaz de afetar ou comprometer a resposta de um organismo.

Podem ser de vários tipos, entre eles:

  • temporais (antes ou após a resposta);
  • espaciais (externo ou interno ao corpo);
  • observáveis (públicos ou privados),
  • de natureza física ou sociais.
  • Processo de Avaliação – para entendermos melhor o conceito é importante termos em mente a raiz das palavras:
  • Processo: do latim processus,us = ação de adiantar-se, movimento para diante, andamento.
  • Avaliação: raiz da palavra Valia, do Latim valĕo,es,ui,ĭtum,ēre = ser valente, vigoroso; ter força, ter crédito.

O processo de Avaliação de forma geral, é composto por uma sequência de passos (ou etapas) visando a determinação sistemática do mérito, valor e importância de um objeto, pessoas ou situações (fatos). Para tanto usa-se critérios norteados por um conjunto de padrões definidos. Os processos visam dar visibilidade a procedimentos retirando do empirismo as ações.

Para tudo que fazemos existem processos mentais (muitas vezes não conscientes) e eles, entre outras coisas, são a base e definem quem somos e nosso comportamento. Cada pessoa tem um modelo mental e seus processos de avaliação que levam em conta na sua formação, por exemplo, as experiências passadas, educação, motivações, emoções, percepções, linguagem, etc. Simplificando “muito” (mesmo!) é como decidem!

  • Crenças Primárias e Comportamentos – conceitualmente crença é o “estado psicológico em que um indivíduo adota e se detém a uma proposição ou premissa para a verdade, ou ainda, uma opinião formada ou convicção”. Todas as pessoas têm crenças (aquilo que acreditamos como verdades – de forma consciente e inconsciente), sendo positivas ou limitantes. As crenças primárias são aquelas que nos foram ensinadas e aceitas desde a infância. Elas são “parte” de nós. O Sistema de Crenças tem um peso importante, pois em muitas situações para que a pessoa evite processo de estresse, elas tendem a acreditar em conteúdos (independente da origem e quais sejam) que não ponham em risco ou abalem seu próprio sistema de “certezas”. Isso pode levar a viés na análise e tomada de decisões (“escolhas erradas”, “não melhores”) e, por vezes, pode tornar a pessoa inflexível para algumas situações.
  • Ameaça ou Desafio – ameaça pode ser qualquer indício de acontecimentos desfavoráveis para uma pessoa, tais como, fato, ação, gesto ou palavra que atemoriza ou intimida. Ele pode ser tanto real quanto imaginário. Desafio são situações ou grandes problemas a serem vencidos ou superados. Dependendo da “história” da pessoa eles podem ser estimulantes ou ir além de suas possibilidades.
  • Recursos Secundários – são fontes de apoio externas ao indivíduo e que dão suporte à tomada de decisão. Podem ser opiniões de pessoas (rede social, relacionamentos), eletrônicos (pesquisas na internet), livros, etc., para análise de eficiência e eficácia de uma dada resposta ou propostas de solução. Elas podem dar suporte técnico e/ou emocional para os próximos passos.
  • Comportamentos para lidar com a situação – respostas que um indivíduo dá para lidar com uma situação. Podem ser verbais, escritas, visuais, etc.

A Psicologia Clássica elenca quatro padrões ou reações de um sistema comportamental defensivo.

Esse padrão serve tanto para ameaças externas quanto para as internas. A saber:

– Enfrentar: lutar, intimidar, atacar, revidar, bater, agredir.
– Fugir: correr, sair, evadir.
– Congelar: paralisar, passar desapercebido.
– Desmaiar: desfalecer

Esses são comportamentos mais ligados ao Ser Primitivo e associados ao Medo (emoções primárias, mecanismo emocional e químico), sendo que no meu entender, me arrisco a dizer (mesmo não sendo Psicólogo) que, em tese, seria possível que reconhecendo e aceitando que temos em medidas/momentos diferentes esses padrões, possamos elaborar respostas mais equilibradas e que situem “no meio termo” e com bases mais racionais, como por exemplo: negociar.

  • Respostas Biológicas – manifestação interna dos sistemas autônomos em resposta a um estímulo específico e se manifestam de forma funcional. Esses estímulos podem ser de origem interna (advindo das emoções ou modelos mentais) ou de elementos externos (ferimentos, mudanças de local, habitação, trabalho, horários, compromissos, relacional – grupos, comunidades, etc.).
  • Ferramentas – qualquer apetrecho usado em artes e ofícios, por extensão qualquer coisa que possa ajudar no combate (armas ou algo que possa ser usado como) ou no processo de tomada de decisão (recursos diversos, de “reais” a computacionais).
  • Melhor Resposta – Segundo minha visão seria a execução dos passos para a implementação da melhor estratégia elaborada, no tempo certo, no local certo, com a clareza, foco e posicionamento certos; com os agentes e ferramentas certas, na mentalidade (modelo mental) visando a eficácia dessa ação, num estado fluído de execução e com possibilidades de ajustes dentro do percurso (em tempo real), tudo colaborando para a preservação física e mental da pessoa (em última instância a homeostase orgânica e sobrevivência com grau de lesão mínima ou nula), gerando novas experiências de crescimento pessoal (ou coletiva) e aprendizado (evolução do modelo mental), com possibilidade de replicação (compartilhamento).

Qual a proposta do Modelo de Avaliação do Estresse?

Esse modelo procura exibir um caminho para responder a eventos tanto externos quanto internos. No caso estamos falando no contexto de Artes Marciais, mas podemos expandir para o dia a dia e no contexto das emoções.

Como já mencionei, vejo muitos alunos fazerem um exercício de forma natural, mas com a introdução de um objeto (por exemplo, uma faca de plástico, ou um pau, um bastão) mudarem completamente seu comportamento, mesmo esse sendo o mesmo exercício, em ambiente controlado. Expandindo esse universo é a mesma coisa no ambiente de trabalho, família, em reuniões, nos negócios, etc. No caso um componente externo causando um desequilíbrio no processo de “avaliação e operacional”.

Retornando, o modelo também pressupõe que seja feita uma análise racional-situacional mínima (ou pelo menos que exista a disposição de fazê-lo). Existem padrões de respostas que “de certa forma são mais instintivas ou primitivas” (bater, correr, paralisar, desmaiar) e essas podem, de certa forma e com diferentes graus, em algumas pessoas (ou situações) predominar como primeira resposta, incondicional, sem métodos ou razão; agindo como um “curto circuito na racionalidade”, dando um bypass (desvio, salto, contorno) em um comportamento mais coerente. Eles estão não formalmente descritos no modelo, mas estão contidos nele (como influência Biológicas – Psicológicas).

Não é nenhuma novidade que o processo emocional, a história de vida da pessoa e as emoções per sí, e o contexto de onde vivem (familiar, social, profissional, etc.) são forças poderosas que trabalham e se materializam de formas distintas e por conseguinte, produzem alterações neurobiológicas significativas. Está associada ao temperamento, personalidade e motivações tanto reais quanto subjetivas e influenciam as ações de um indivíduo, podendo reforçar ou alterar um comportamento.

Na minha opinião a parte mais importante é que a pessoa possa identificar todo esse mecanismo nela mesma. Este é o primeiro passo para entender seu processo individual: como encara responde aos eventos. Quando a pessoa vê, entende e aceita, ela se “acalma”. Não importa se ela está num processo de Estresse ou Depressão, com o primeiro passo dado (a conscientização) e “oxigenando mais o cérebro” existe a possibilidade de um caminho, uma rota, um alvo ou um objetivo novo, ou seja, passa a existir uma escolha (persistir ou não nesse caminho).

Para mim o equilíbrio individual pode não estar no “meio” entre a razão e a emoção (pois podem ter pesos diferentes para cada pessoa) , mas em algum lugar entre os dois.

Não acredito em receitas prontas, filosofia de internet ou autoajuda (embora possam funcionar para alguns), acredito que, como mencionado, o caminho do entendimento, da conscientização e das escolhas, seja o mais eficaz na resolução dos processos de Estresse e Depressão, mas talvez não o mais fácil.

É uma tarefa individual, por vezes árdua e que necessita de uma honesta introspecção.

Dois caminhos que se complementam em Resposta ao Estresse.

De forma prática, para aqueles que precisam resgatar o Senso Crítico para entendimento e tomada de decisão esse modelo pode ser útil como um facilitador ou um “guia” de como as coisas podem (ou tendem, na maioria das vezes) funcionar.

Para aqueles que gostam de conselhos, passe a ver as coisas com um pouco mais de “bom humor”, pois esta é uma poderosa ferramenta que pode ajudar a diminuir a Ansiedade, que geralmente vem antes do Estresse e da Depressão.

Para os Professores de Artes Marciais (ou qualquer outro profissional, Líder Empresarial, Terapeuta Holístico ou não), acredito que este artigo possa ser utilizado para mapear/ajudar a seus alunos (ou funcionários, Clientes) que procuram uma Arte Marcial (ou você Líder, Terapeuta) como uma resposta (mas não a única) para “minimizar” (mitigar, dar um rumo para “clarear”) os problemas emocionais que os incomodam no dia a dia (trabalho, família, estudos, decisões ou rumos profissionais, projetos, etc.).

Eu como Terapeuta Holístico e Professor de Arte Marcial Russa (Systema) uso esse conhecimento de forma assertiva com meus Alunos e Clientes e utilizei muito na minha carreira pregressa em grandes Corporações ao lidar com os “medos e receios” que as pessoas têm.

Tenho certeza que poderá ser para você também um grande diferencial, se souber interpretar e usar (adaptar) esse conhecimento para as situações diversas e pessoas com quem convive.

Pratique!

“Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mateus 6:34).

“Todo estresse é provocado por uma série de pressões, libertando os pensamentos me liberto da pressão” (Fernando Lapolli).

Prof. Carlos Pimenta (Empresário, Hipnólogo Clinico especializado em Doenças e Dores Crônicas Emocionais, Acupunturista e Massoterapeuta, Instrutor Pleno de Systema – Arte Marcial Russa, Psicanalista)
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